terça-feira, 26 de abril de 2011

Despedida de "WILMA E ELZA"


Hoje as 20:33hs no Teatro Adriano Schenkel em Dois Irmãos será a última apresentação do espetáculo "Wilma e Elza". Será a despedida das duas velhas que sobreviveram por mais de dois anos, alegrando e contando suas histórias. 

terça-feira, 29 de março de 2011

"Wilma e Elza" estreia hoje em Dois Irmãos


Hoje as 20:33 h, estreia "Wilma e Elza" no Teatro Adriano Schenkel em Dois Irmãos, dentro do Projeto Terça Alegre. Os ingressos custam R$12,00 e podem ser adquiridos no local.
Depois de passar pela capital no último final de semana, "Wilma e Elza" vão direto para a região da Serra.
Apareçam!!!

sexta-feira, 25 de março de 2011

FILMES QUE AUXILIARAM NO PROCESSO


Relação de filmes que possibilitam a discussão sobre o envelhecimento
Vitória Kachar pesquisadora mentora


A Balada de Narayama,  Japão, 1983, 128 min.
A eternidade e um dia - Mia eoniotita ke mia mera, Grécia/França/Itália, 1998, 130 min.
A Família Savage
A última grande lição - Tuesdays with Morrie, 1999 para TV (livro: A Última Grande Lição - O Sentido da Vida - Mitch Albom, Ed. Sextante)
Antes de Partir – (The Bucket List, EUA, 2007, 97 min)
Ao Entardecer (Evening)-  EUA e Alemanha, 2007, 117 min
Arte de Viver - Pushing hands, China, 1992
As Coisas Simples da Vida - Yi Yi / A One and a Two, JAP-TAW/2000, 73 min
As confissões de Schmidt - About Schmidt, EUA, 2002, 125 min.
As pontes de Madison - The Bridges of Madison County, EUA, 1995, 135 min.
Baleias de agosto - The Whales of August, EUA, 1987, 91 min.
Banhos –  Xizhao, China, 1999, 92 min.
Buena Vista Social Club, ALE-EUA-FRA-CUB/1999, 101 min.
Chega de Saudade
Chuvas de verão – Brasil, 1977, 86 min.
Cocoon -  EUA – 1985, 118 min.
Coisas do Amor - Never Again – EUA, 2001, 97 min.
Colcha de retalhos - How to Make an American Quilt, EUA, 1995,
Conduzindo Miss Daisy - Driving Miss Daisy, EUA, 1989, 99 min.
Conversando com mamãe - filme de Santiago Carlos Oves
Copacabana, Brasil, 2001, 90 min.
Corra Lola, corra
Cowboys do espaço - Space Cowboys, EUA – 2000, 135 min.
Depois da Vida - After Life / Wandafuru raifu, Japão, 1998, 118 min.
Dois velhos mais rabugentos - Grumpier Old Men, EUA, 1995, 101 mi.
Duas Vidas - The Kid, EUA – 2000, 104 min.
Encontrando Forrester, Finding Forrester,  EUA,  2000, 136 min
Estamos todos bem - Stanno Tutti Bene, EUA, 1989, 121 min.
Filhos da Natureza – Islândia, 1970, 120 min.
Garotas do Calendário - Calendar Girls, Reino Unido, 2003, 108 min.
Ginger e Fred - Ginger & Fred, Itália, 1985, 130 min.
Invasões bárbaras, As
"Irina Palm" polemiza com tabus sobre sexo e velhice
Íris - Inglaterra/EUA , 2001, 90 min.
Juventude, de Domingos Oliveira. Brasil, 2008.
Laços de ternura, Terms of Endearment,  EUA, 1983, 131 min.
"Longe dela": a dolorosa batalha do amor contra o esquecimento
Madadayo – Madadayo, Japão, 1993, 134 min.
Matadores de Velhinha - Título Original: The Ladykillers. Gênero: Comédia. Tempo de Duração: 104 minutos
Meu pai, uma lição de vida  - Dad, EUA, 1989, 117 min.
Morangos Silvestres, Smultronstället, Suécia, 1957, 91 min.
Morte
Num lago dourado – On Golden Pond, EUA, 1981, 109 min.
O barato de Grace - Saving Grace – 2000, EUA, 94min.
O Caminho para Casa/Wode Fuqin Muqin - China, 1999, 89 min.
O filho da noiva (ou o presente como tempo da delicadeza)
O indomável, assim é a minha vida - 110 min
“O tempero da vida”
Páginas da Revolução
Pão e Tulipas  - Pane e Tulipani, Itália/ Suíça, 2000, 112 min.
Réquiem para um sonho - Requiem For a Dream,  EUA – 2000, 102 min.
Romance da empregada - Brasil, 1988, 100 min.
Se tivéssemos tempo
Sete Pecados Capitais
Tempo redescoberto - Le Temps Retrouvé, França/Itália, 1999, 158 min.
Última gargalhada - Der Letzte Mann, Alemanha, 1924, 90 min.
Uma História Real - EUA – 1999, 111 min.
Whisky - Uruguai - 2003, 95 min.

terça-feira, 15 de março de 2011

Você é um envelhescente? por Mário Prata


Você é um Envelhescente?
por Mário Prata
Se você tem entre 45 e 65 anos, preste bastante atenção no que se segue. Se você for mais novo, preste também, porque um dia vai chegar lá. E, se já passou, confira.
Sempre me disseram que a vida do homem se dividia em quatro partes: infância, adolescência, maturidade e velhice. Quase correto. Esqueceram de nos dizer que entre a maturidade e a velhice (entre os 45 e os 65), existe a ENVELHESCÊNCIA.
A envelhescência nada mais é que uma preparação para entrar na velhice, assim com a adolescência é uma preparação para a maturidade. Engana-se quem acha que o homem maduro fica velho de repente, assim da noite para o dia. Não. Antes, a envelhescência. E, se você está em plena envelhescência, já notou como ela é parecida com a adolescência? Coloque os óculos e veja como este nosso estágio é maravilhoso:
— Já notou que andam nascendo algumas espinhas em você? Notadamente na bunda?

— Assim como os adolescentes, os envelhescentes também gostam de meninas de vinte anos.

— Os adolescentes mudam a voz. Nós, envelhescentes, também. Mudamos o nosso ritmo de falar, o nosso timbre. Os adolescentes querem falar mais rápido; os envelhescentes querem falar mais lentamente.

— Os adolescentes vivem a sonhar com o futuro; os envelhescentes vivem a falar do passado. Bons tempos...

 — Os adolescentes não têm idéia do que vai acontecer com eles daqui a 20 anos. Os envelhescentes até evitam pensar nisso.

— Ninguém entende os adolescentes... Ninguém entende os envelhescentes... Ambos são irritadiços, se enervam com pouco. Acham que já sabem de tudo e não querem palpites nas suas vidas.

— Às vezes, um adolescente tem um filho: é uma coisa precoce. Às vezes, um envelhescente tem um filho: é uma coisa pós-coce.

 — Os adolescentes não entendem os adultos e acham que ninguém os entende. Nós, envelhescentes, também não entendemos eles. "Ninguém me entende" é uma frase típica de envelhescente.

— Quase todos os adolescentes acabam sentados na poltrona do dentista e no divã do analista. Os envelhescentes, também a contragosto, idem.

— O adolescente adora usar uns tênis e uns cabelos. O envelhescente também. Sem falar nos brincos.

— Ambos adoram deitar e acordar tarde.

— O adolescente ama assistir a um show de um artista envelhescentes (Caetano, Chico, Mick Jagger). O envelhescente ama assistir a um show de um artista adolescente (Rita Lee).

— O adolescente faz de tudo para aprender a fumar. O envelhescente pagaria qualquer preço para deixar o vício.

— Ambos bebem escondido.

— Os adolescentes fumam maconha escondido dos pais. Os envelhescentes fumam maconha escondido dos filhos.

— O adolescente esnoba que dá três por dia. O envelhescente quando dá uma a cada três dia, está mentindo.

— A adolescência vai dos 10 aos 20 anos: a envelhescência vai dos 45 aos 60. Depois sim, virá a velhice, que nada mais é que a maturidade do envelhescente.

— Daqui a alguns anos, quando insistirmos em não sair da envelhescência para entrar na velhice, vão dizer:

—  É um eterno envelhescente!

Que bom.
O texto acima foi extraído do livro "100 Crônicas", Cartaz Editorial/Jornal O Estado de São Paulo, São Paulo, 1997, pág. 13.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Onde andará o meu doutor?


Onde andará meu doutor?

Hoje acordei sentindo uma dorzinha,
aquela dor sem explicação, e uma palpitação,
resolvi procurar um doutor,
fui divagando pelo caminho...
lembrei daquele médico que me atendia vestido de branco
e que para mim tinha um pouco de pai, de amigo e de anjo...
o Meu Doutor que curava a minha dor,
não apenas a do meu corpo mas a da minha alma,
que me transmitia paz e calma!

Chegando à recepção do consultório,
fui atendida com uma pergunta:
QUAL O SEU PLANO? O MEU PLANO?
Ah, o meu plano é viver mais e feliz!
é dar sorrisos, aquecer os que sentem frio
e preencher esse vazio que sinto agora!
Mas a resposta teria que ser outra...

o MEU PLANO DE SAÚDE... 
Apresentei o documento do dito cujo
já meio suado, tanto quanto o meu bolso, e aguardei...
Quando fui chamada corri apressada,
ia ser atendida pelo Doutor,
aquele que cura qualquer tipo de dor,
entrei e o olhei, me surpreendi,
rosto trancado, triste e cansado...
será que ele estava adoentado?
é, quem sabe, talvez gripado
não tinha um semblante alegre,
provavelmente devido à febre...
dei um sorriso meio de lado e um bom dia...
sobre a mesa, à sua frente, um computador,
e no seu semblante a sua dor,
o que fizeram com o Doutor?

Quando ouvi a sua voz de repente:
O que a senhora sente?
Como eu gostaria de saber o que ELE estava sentindo...
parecia mais doente do que eu, a paciente...
Eu? ah! sinto uma dorzinha na barriga e uma palpitação
e esperei a sua reação,
vai me examinar, escutar a minha voz
auscultar o meu coração...
para minha surpresa apenas me entregou uma requisição e disse:
peça autorização desses exames para conseguir a realização...
quando li quase morri...

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA,
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
e CINTILOGRAFIA!

ai, meu Deus! que agonia!
eu só conhecia uma tal de abreugrafia...
só sabia o que era ressonar (dormir),
de magnético eu conhecia um olhar...
e cintilar só o das estrelas!
estaria eu à beira da morte? de ir para o céu?
iria morrer assim ao léu?
naquele instante timidamente pensei em falar:
terá o senhor uma amostra grátis
de calor humano para aquecer esse meu frio?
que fazer com essa sensação de vazio? e observe, Doutor,
o tal Pai da Medicina, o grego Hipócrates, acreditava que
A ARTE DA MEDICINA ESTAVA EM OBSERVAR.

Olhe para mim...
bem verdade que o juramento dele está ultrapassado!
médico não é sacerdote...
tem família e todos os problemas inerentes ao ser humano...
mas, por favor, me olhe, ouça a minha história!
preciso que o senhor me escute, ausculte
e examine!

estou sentindo falta de dizer até aquele 33!
não me abandone assim de uma vez!
procure os sinais da minha doença e cultive a minha esperança!
alimente a minha mente e o meu coração...
me dê, ao menos, uma explicação!
o senhor não se informou se eu ando descalça... ando sim!
gosto de pisar na areia e seguir em frente
deixando as minhas pegadas pelas estradas da vida,
estarei errada?
ou estarei com o verme do amarelão?
existirá umas gotinhas de solução?

será que já existe vacina contra o tédio?
ou não terá remédio?
que falta o senhor me faz, meu antigo Doutor!
cadê o Sccot, aquele da Emulsão?
que tinha um gosto horrível mas me deixava forte
que nem um Sansão!
e o Elixir? Paregórico e categórico,
e o chazinho de cidreira,
que me deixava a sorrir sem tonteiras?
será que pensei asneiras?

Ah! meu querido e adoentado Doutor!
sinto saudades
dos seus ouvidos para me escutar,
das suas mãos para me examinar,
do seu olhar compreensivo e amigo...
do seu pensar...
o seu sorriso que aliviava a minha dor...
que me dava forças para lutar contra a doença...
e que estimulava a minha saúde e a minha crença...
sairei daqui para um ataúde?
preciso viver e ter saúde!
por favor, me ajude!

Oh! meu Deus, cuide do meu médico e de mim,
caso contrário chegaremos ao fim...
porque da consulta só restou uma requisição
digitada em um computador
e o olhar vago e cansado do Doutor!
precisamos urgente dos nossos médicos amigos,
a medicina agoniza...
ouço até os seus gemidos...

Por favor, tragam de volta o meu Doutor!
estamos todos doentes e sentindo dor...
e peço, para o ser humano, uma receita de calor,
e para o exercício da medicina uma prescrição de amor!

ONDE ANDARÁ O MEU DOUTOR?
(procura-se o autor)

sábado, 5 de março de 2011

"Wilma e Elza" selecionado para o 1º Cena do interior em Porto Alegre



Estamos muito feliz de participar do 1º Cena do Interior na capital, "Wilma e Elza" estará se apresentando nos dias 25,26 e 27 de março as 21 hs no Teatro Carlos Carvalho. Esperamos todos lá!

Selecionados para o 1º CINPOA

Com 22 projetos inscritos de 14 cidades do estado, a comissão avaliadora composta por: Vinícius Cáurio - Presidente do SATED/RS, Fábio Cunha - Secretário Geral SATED/RS, Stella Bento - IEACEN, Guilherme Comelli - Sociedade Civil (Comunidade Artística) e Patrícia Sacchet - Sociedade Civil (Comunidade Artística) agradece a participação de todos e parabeniza os selecionados abaixo:
ADULTO
  • 1ª Temporada - 18, 19 e 20 de março (sexta, sábdo e domingo):
    ESCONDERIJO DO TEMPO - CRUZ ALTA
  • 2ª Temporada - 25, 26 e 27 de março (sexta, sábado e domingo):
  • WILMA E ELZA - MONTENEGRO
  • 3ª Temporada - 29, 30 e 31 de março (terça, quarta e quinta):
    RETRATO - DOIS IRMÃOS
INFANTIL
  • 1ª Temporada - 18, 19 e 20 de março (sexta, sábado e domingo):
    O VALE DOS SONHOS - CAXIAS DO SUL
  • 2ª Temporada - 25, 26 e 27 de março (sexta, sábado e domingo):
    ARI AREIA - PASSO FUNDO
  • Suplente:
    AS AVENTURAS NO TREM DA LEITURA - CAXIAS DO SUL
CONVIDADOS
  • 1º - O AR QUE RESPIRAMOS JUNTOS - SÃO LEOPOLDO
  • 2º - O PALHAÇO BOLAXA - RIO GRANDE 
RealizaçãoSindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do RS - SATED/RS
ApoioServiço Social do Comércio - SESC/RS
Instituto Estadual de Artes Cênicas - IEACEN
Casa de Cultura Mário Quintana - CCMQ
Federação das Associações de Municípios do RS - FAMURS
Conselho dos Dirigentes Municipais de Cultura do RS - CODIC/FAMURS 
Parceiros
Studio bunker
RBSTV
Otto desenhos animados
Wz4b Studio digital
Fonte: SATED-RS

quinta-feira, 3 de março de 2011

"Wilma e Elza" em PORTO ALEGRE

O nosso espetáculo "Wilma e Elza" está entre os 3 selecionados para participar do 1º CinPoa - Uma mostra que levará a Porto Alegre produções do interior gaúcho através de uma iniciativa do SATED-Rs e parceiros. Nossa apresentação será nos dias 25,26 e 27 de março as 21h no Teatro Carlos Carvalho da Casa de Cultura Mário Quintana. Estamos felizes de poder levar o espetáculo a POA e participar desta 1ª Mostra do Sated. 


quarta-feira, 2 de março de 2011

Será que eu escapo dessa?




“Será que eu escapo dessa?”

Rubem Alves

Meus leitores: Um médico do Conselho Federal de Medicina pediu-me que escrevesse um texto curto, a ser distribuído entre os médicos, sobre o médico diante de um paciente que vai morrer. Vai aí o texto e eu gostaria de saber como vocês  se sentiram, na cabeça e no coração. Obrigado.
 
* * *
Doutor, agora que estamos sozinhos quero lhe fazer uma pergunta: “Será que eu escapo dessa?” Mas por favor, não responda agora porque sei o que o senhor vai dizer. O senhor vai desconversar e responder: “Estamos fazendo tudo o que é possível para que você viva.” Mas nesse momento não estou interessada  naquilo que o senhor e todos os médicos do mundo estão fazendo. Olhe, eu sou uma mulher inteligente. Sei a resposta para minha pergunta. Os sinais são claros. Sei que vou morrer.

O que eu desejo é que o senhor me ajude a morrer. Morrer é difícil. Não só por causa da morte mesma mas porque todos, na melhor das intenções, a cercam de mentiras. Sei que na escola de medicina os senhores aprendem a ajudar as pessoas a viver. Mas haverá professores que ensinam a arte de ajudar as pessoas a morrer? Ou isso não faz parte dos saberes de um médico? Meus parentes mais queridos se sentem perdidos. Quando quero falar sobre a morte eles logo dizem: “Tira essa idéia de morte da cabeça. Você estará boa logo...” Mentem. Então eu me calo. Quando saem do quarto, longe de mim, choram.

Sei que eles me amam. Querem me enganar para me poupar de sofrimento. Mas são fracos e não sabem o que falar... Fico então numa grande solidão. Não há ninguém com quem eu possa conversar honestamente. Fica tudo num faz de contas...

As visitas vem, assentam-se, sorriem, comentam as coisas do cotidiano. Fazem de contas que estão fazendo uma visita normal. Eu me esforço por ser delicada. Sorrio. Acho estranho que uma pessoa que está morrendo tenha a obrigação social de ser delicada com as visitas. As coisas sobre que falam não me interessam. Dão-me, ao contrário, um grande cansaço. Elas pensam que estou ali na cama. Não sabem que já estou longe. Sou  “uma ausência que se demora, uma despedida  pronta a cumprir-se...” Remo minha canoa no grande rio, rumo à terceira margem. Meu tempo é curto e não posso desperdiçá-lo ouvindo banalidades.  Contaram-me de um teólogo  místico que teve um tumor no cérebro. O médico lhe disse a verdade: “O senhor tem mais seis meses de vida...” Aí ele se virou para sua mulher e disse: “Chegou a hora das liturgias do morrer. Quero ficar só com você. Leremos juntos os poemas e ouviremos as músicas do morrer e do viver. A morte é o acorde final dessa sonata que é a vida. Toda sonata tem de terminar. Tudo o que é perfeito deseja morrer. Vida e morte se pertencem. E não quero que essa solidão bonita seja perturbada por pessoas que têm medo de olhar para a morte. Quero a companhia de uns poucos amigos que conversarão comigo sem dissimulações. Ou somente ficarão em silêncio.”

Enquanto pude li os poetas. Nesses dias eles têm sido os meus companheiros. Seus poemas conversam comigo. Os religiosos não me ajudam. Eles nada sabem sobre poesia. O que eles sabem são doutrinas sobre o outro mundo. Mas o outro mundo não me interessa. Não vou gastar o meu tempo pensando nele.  Se Deus existe, então não há porque me preocupar com o outro mundo porque Deus é amor. Se Deus não existe então não há porque me preocupar com o outro mundo porque ele não existe e nada me faltará se eu mesmo faltar. Ah! Como seria bom se as pessoas que me amam me  lessem os poemas que amo. Então eu sentiria a presença de Deus. Ouvir música e ler poesia são, para mim, as supremas manifestações do divino.

 A consciência da proximidade da morte me tornou lúcida. Meus sentimentos ficaram simples e claros. O que sinto é tristeza porque não quero morrer e a vida é cheia de tantas coisas boas. Um amigo me contou que sua filha de dois anos o acordou pela manhã  e lhe perguntou: “Papai, quando você morrer você vai sentir saudades?” Foi o jeito que ela teve de dizer: “Papai, quando você morrer eu vou sentir saudades...”

 Na cama o dia todo fico a meditar: “Nas escolas ensinam-se tantas coisas inúteis que não servem para nada. Mas nada se ensina sobre o morrer.” Me diga, doutor: “O que lhe ensinaram na escola de medicina sobre o morrer? Sei que lhe ensinaram muito sobre a morte como um fenômeno biológico. Mas o que lhe ensinaram sobre a morte como uma experiência humana? Para isso teria sido necessário que os médicos lessem os poetas. Os poetas foram lidos como parte do seu currículo? Nada lhe ensinaram sobre o morrer humano porque ele não pode ser dito com a linguagem da ciência.  A ciência só lida com generalidades. Mas a morte de uma pessoa é um evento único, nunca houve  e nunca haverá outro igual. Minha morte será única no universo! Uma estrela vai se apagar. 

Nesse ponto seus remédios são totalmente inúteis. O senhor os receita como desencargo de consciência, para consolar a minha família, ilusões para dizer que algo está sendo feito. O senhor está tentando dar.  Não devia. Há um momento da vida em que é preciso perder a esperança. Abandonada a esperança a luta cessa e vem então a paz.

E agora, doutor, depois de eu ter falado, me responda: “Será que eu saio dessa?” Então eu ficarei feliz se o senhor não me der aquela resposta boba mas se assentar ao lado da minha cama e, olhando nos meus olhos, me disser: “Você está com medo de morrer. Eu também tenho medo de morrer...” Então poderemos conversar de igual para igual.

Mas há algo que os seus remédios podem fazer. Não quero morrer com dor. E a ciência tem recursos para isso. Muitos médicos se enchem de escrúpulos por medo que os sedativos matem. Preservam a sua consciência de qualquer culpa e deixam o moribundo sofrendo.   Mas isso é fazer com que o final da sonata não seja um acorde de beleza mas um acorde de gritos. A vida humana tem a ver com a possibilidade de alegria! Quando a possibilidade de alegria se vai, a vida humana se foi também.  E esse é o meu último pedido: quero que minha sonata termine bonita e em paz. Morrendo...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Velhinhos do barulho


Velhinhos do barulho
por Ivan Lessa

São os velhinhos aposentados. Que eles chamam de Old Age Pensioners. OAPs. Estou nessa, embora prefira me referir e que se refiram a mim como “na terceira idade”. Soa melhor. Não tenho pensão de coisa alguma. Fiz refeição numa ou noutra. Só.
Tenho umas economias que rendem uma titica, mas já fiz as mórbidas contas: se eu apertar ainda mais o cinto, dá para viver mais uns 5 aninhos só vendo televisão, relendo os livros que tenho e ouvindo com a atenção que meus ouvidos OAPs permitirem a discarada que acumulei durante os últimos (mais ou menos) 60 anos.
Importar xarope de groselha? Nem pensar. Os velhinhos e velhinhas têm certas vantagens. Quando completei 65 anos aqui, ganhei o que eles chamam de “Freedom Pass”, tal de “passe da liberdade”. O passe já foi apenas cartão de aposentado, simplesmente, o que era mais digno e condigno com a verdade.
Dava e dá direito a viajar de graça em ônibus e metrô, contanto que não seja na hora do rush, para não ocupar lugar diante dos que ainda têm que trabalhar para cavar a própria sepultura. Um bom desconto em teatro, metrô e viagem de trem. Sempre sem ser no tempo dos que se encontram na flor, ou primeira e segunda idades.
Sempre simplifiquei pragmático que sou: para mim, o tal do “passe da liberdade” não passa de certificado de velhice. Pelo menos, até agora, os mais velhos, meus companheiros aposentados e com pensão, ainda merecem do resto da jovem e tola população um certo respeito.
Cabelo branco é cabelo branco, careca é careca e pança é pança. Quando velhos e velhas deixarem de impor respeito, vão derrubar no chão, chutar a cara e levar a carteira e tudo mais que estiver dando sopa. De vez em quando acontece. Infelizmente.
Para variar, andaram por aí, de alto a baixo no Reino Unido (e para os lados também) fazendo pesquisa, que isso é razoavelmente bem pago e, dizem, oferece boas pensões.
A pesquisa foi sobre os anseios que ainda ocupam a mente, o peito e o et cetera daqueles e daquelas com mais de 65 anos. 1500 deles e delas. Algumas surpresas. Ao contrário do que se esperava, não são – não somos? – críticos contrários aos modos de vida da garotada. Pelo contrário. Morrem de inveja.
O que eles e elas querem mesmo é sexo, roquiendirôl e birinaites. A maior parte diz que, se pudesse viver sua vida de novo, peitaria com mais vigor os patrões, além de mudar com mais freqüência de emprego.

Sexo, sexo, sexo

A questão mais popular entre os velhinhos (dou o nome aos bois, ou boys) é, assim como entre vocês, garotada, sexo. Seguida de sexo e depois de mais sexo. Todos eles lamentam não terem tido mais sexo. Todas elas também. Culpam os modos e costumes do pós-guerra, quando tiveram de enfrentar outros inimigos: a hipocrisia da sociedade e um suposto código de boas maneiras.
70% da turma gostariam de ter queimado mais incenso no altar de Vênus, para usar de um eufemismo que, mesmo por volta de 1945, já caducava. Uma boa quantidade de gente abre o jogo para valer: 300 deles (nunca esquecendo que há elas aí) preferiam ter se casado com outra pessoa.
Uma surpresa. Depois de sexo, sabem o que eles mais gostariam de ter feito? Viajar. Inglês, ou britânico, é assim, uma gente doida para se mandar mundo afora. Coisa de povo ilhéu. Também são meio sovinas os grisalhos senhores e senhoras: gostariam de ter gasto menos dinheiro com bobagem (e o que é que eles chamam de “bobagem”?) e comprado à casa própria mais cedo.
Felizmente são contraditórios e não fazem sentido os OAPs. Que é para acabar com essa história de que, com a idade, vem a sabedoria. De garantido, vem mesmo é reumatismo. Os velhos uma hora querem uma coisa, outra hora querem outra. Por exemplo: 32% das senhoras pesquisadas preferiam não ter perdido a virgindade com a idade que perderam. Mas gostariam de ter feito mais sexo, confere? Tãotá.
Diz o ditado que a juventude é desperdiçada com os jovens. A velhice também é desperdiçada com os velhos, é o que se depreende.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

"Wilma e Elza" em DOIS IRMÃOS


O espetáculo "Wilma e Elza" começará 2011 realizando uma série de apresentações na cidade de DOIS IRMÃOS, serão ao todo 4 apresentações dentro do projeto SEMPRE AS TERÇAS.  

A Curto Arte( http://curtoarte.com.br/inicia 2011 com o  projeto Terçalegre, que tem a proposta de trazer cultura a todo o Vale dos Sinos, todas as terças-feiras, tendo o início no dia 08 de fevereiro, sempre às 20:33 min.  Nas primeiras terças- feira  teremos  os espetáculos da Cia Curto Arte, após virão espetáculos de toda a região entre eles espetáculos para o público infantil e adulto. Desta forma oportunizaremos lazer e cultura para toda a família. E "Wilma e Elza" estarão se apresentando dentro do projeto no dia 29 de março as 20:33 hs no Teatro Adriano Schenkel. E retorna para uma curta temporada no mesmo espaço nos dias 12,19 e 26 de abril sempre as 20:33 hs.

Ingressos antecipados a R$ 12,00 no Armarinhos Petry, Teatro Adriano Schenkel, Posto Bruder e Yázigi (tudo em Dois Irmãos)
Endereço do teatro: Av. São Miguel, 830, sala 04 / travessa Mário Sperb - Centro
telefones: 51 3564-4888 e 9627-3713

Idoso ou velho?


Ser um idoso ou ser um velho
Jorge José de Jesus Ricardo (Jocardo)
Balneário Camboriú-SC
IDOSA é a pessoa que tem muita idade; VELHA é a pessoa que perdeu a jovialidade. A idade causa a degenerescência das células; a velhice causa a degenerescência do espírito. Por isso, nem todo idoso é velho e há velho que ainda nem chegou a ser idoso.

O mesmo acontece com as coisas: há coisas que são "idosas" (antigas) e há coisas que são velhas. Um vaso da Dinastia Ming (1368-1644) pode ser uma antigüidade, uma relíquia que não tenha preço; um outro, de apenas uns 50 anos ou menos, pode ser um vaso velho, relegado a um depósito.

Você é idoso quando pergunta se vale a pena; você é velho quando sem pensar responde que não. Você é idoso quando está pronto a correr riscos; você é velho quando procura correr dos riscos. Você é idoso quando sonha; você é velho quando apenas dorme. Você é idoso quando ainda aprende; você é velho quando já nem ensina. Você é idoso quando pratica esportes ou de alguma outra forma se exercita; você é velho quando apenas descansa. Você é idoso quando ainda sente AMOR; você é velho quando só sente ciúmes e possessividade. Você é idoso quando o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida; você é velho quando todos os dias parecem o último da longa jornada. Você é idoso quando seu calendário tem amanhãs; você é velho quando seu calendário só tem ontens.

O idoso é aquela pessoa que tem tido a felicidade de viver uma longa vida produtiva, de ter adquirido uma grande experiência; ele é uma ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e o futuro e é no presente que os dois se encontram. O velho é aquele que tem carregado o peso dos anos; que em vez de transmitir experiência às gerações vindouras, transmite pessimismo e desilusão. Para ele, não existe ponte entre o passado e o presente, existe um fosso que o separa do presente pelo apego ao passado.

O idoso se renova a cada dia que começa, o velho se acaba a cada noite que termina, pois enquanto o idoso tem seus olhos postos no horizonte de onde o sol desponta e a esperança se ilumina, o velho tem sua miopia voltada para os tempos que passaram. O idoso tem planos, o velho tem saudades. O idoso curte o que lhe resta de vida, o velho sofre o que o aproxima da morte. O idoso se moderniza, dialoga com a juventude, procura compreender os novos tempos; o velho se emperra no seu tempo, se fecha em sua ostra e recusa a modernidade.

O idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e prenhe de esperanças. Para ele, o tempo passa rápido, mas a velhice nunca chega. O velho cochila no vazio de sua vidinha e suas horas se arrastam destituídas de sentido. As rugas do idoso são bonitas porque foram marcadas pelo sorriso; as rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.

Em suma, idoso e velho, duas pessoas que até podem ter a mesma idade no cartório, mas têm idades bem diferentes no coração.

Sou idoso (tenho quase 70 anos), mas espero que nunca fique velho.

______________________
Artigo vencedor do 1o Concurso Literário para a Terceira Idade, promovido pela UDESC-Universidade do Estado de Santa Catarina, Fundação Viva Vida e Conselho Nacional do Idoso, e publicado no livro "Poesias Contos Crônicas"- Editora da UDESC-Florianópolis

PROCESSO DE CRIAÇÃO DE WILMA E ELZA


Tuti Kerber em 2009 em oficina de maquiagem.


A partir de hoje vamos começar a compartilhar um pouco sobre o nosso processo criativo de "Wilma e Elza", dividindo com nossos leitores alguns dos nossos referenciais teóricos e estéticos que nortearam o nosso trabalho. Utilizamos uma séria de crônicas para compor a nossa imensa colcha de retalhos que é o texto/roteiro do espetáculo. Alguns dos textos nem utilizamos, serviram apenas de inspiração dentro do criativo processo. Abaixo uma crônica de Anna Mautner.


Do que eu preciso?

Anna Veronica Mautner*

A fronteira entre acumular pensando no futuro e o vício de guardar coisas inúteis parece tênue e é preciso saber reconhecê-la. Desde pequenos, quando ganhamos nossa primeira caixinha ou gaveta para guardar brinquedos, até adultos, donos de nossas casas, temos de exercer constantemente o poder de decisão -saber o que guardar e o que jogar fora, sem chorar depois. Viver rodeado do passado pode ser confortável, mas afundar nele é pesado e acaba tendo como resultado a sensação de que o nosso futuro -os sete palmos de terra- já está aqui. Com espaço, é fácil manter ordem e encontrar o que procuramos. Cada coisa tem um tempo de vida -e há também a hora certa de se desfazer delas.

Vivendo em tempos de obsolescência precoce, como no caso dos aparelhos eletroeletrônicos, desfazer-se é imposição, com tempo previsto pelos fabricantes. Rádio velho poucos guardam. De roupas, louças e engenhocas ninguém sabe quando é hora de se desfazer. Nem estou falando ainda sobre o mar de papéis a nos inundar o cotidiano, cujo prazo de guarda é estabelecido pelo governo e por estatais. A Receita Federal exige que todo cidadão guarde por uns tantos anos recibos de tudo que descontou. Eis um campo em que não se confia em computador. Para recibos ou procurações, é o papel que vale. E, quando o cidadão morre, cabe aos herdeiros, no que costuma ser um dia dos piores, remexer as intimidades oficiais do falecido. Aí, os sobreviventes decidem o que fica com quem e o que vai.

Nós, vivos, donos únicos das nossas coisas, resolvemos a cada dia o que vai e o que fica. "Será que um dia ainda vou receber para jantar ou posso passar adiante as minhas travessas?" Esse tipo de pergunta faz parte do amadurecimento, não só do envelhecimento. Quando é hora de jogar fora velhas cartas de amor? É sempre triste imaginar que ninguém vai curtir as fotografias que tanto significam para mim.

Viraram notícia os casos extremos de inutilidades acumuladas por certas pessoas, sempre gente solitária. O mau cheiro, os insetos e as queixas dos vizinhos acabam decidindo pelo indeciso acumulador. Li até um caso de uma pessoa que dormia na garagem, dentro do próprio carro (que também não era usado), por falta de outro espaço livre.

Não é só a morte a ameaça temida por aquele que acumula. Criança odeia quando jogam fora seus brinquedos, mesmo os velhos e quebrados. Freqüentemente o espaço privativo dos jovens vira depósito de camisetas, tênis, meias, CDs e engenhocas que eles pretendem reciclar um dia -que nunca chega. Numa kitchenette de jovem, encontramos dois copos e dois pratos, mas no corredor estão penduradas dez mochilas pelo menos.

O apego nem sempre resulta de escassez, traumas ou carência. É muito mais uma forma de protelar a chegada do dia de amanhã e de continuar fazendo de conta que hoje é ainda ontem. A síndrome de "juntar coisas" com a falta de espaço gera um estresse que nos torna mais indecisos ainda e menos seguros para jogar fora. O que importa para usar amanhã, esse dia tão desconhecido? Para não jogar nada fora, basta ter medo do amanhã.

[...] Cada coisa tem um tempo de vida, e há também a hora certa de se desfazer delas

*Anna Veronica Mautner, psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, é autora de "Cotidiano nas Entrelinhas" (ed. Ágora)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

WILMA & ELZA retorna aos palcos

O espetáculo "Wilma e Elza" retorna a cena em 2011, dentro do Projeto Terçalegre no município de Dois Irmãos.
O projeto tem a proposta de trazer cultura a todo o Vale dos Sinos, todas as terças-feiras, tendo o inicio no dia 08 de fevereiro, sempre às 20:33 min. Então anotem aí dia 29/03 "Wilma e Elza" em Dois Irmãos no Teatro da Curto Arte. 

Em breve mais informações sobre novas apresentações.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

2011 - WILMA e ELZA

Prezados amigos, gostaria de avisar que nós ainda não morremos, pelo contrário, estamos entusiasmadas para este ano novo, que está prometendo. Ainda não temos nenhuma apresentação agendada, mas estamos nos inscrevendo em muitos projetos de circulação e de apoio para seguir apresentando "Wilma e Elza" para muitas pessoas. Estamos com saudades da estrada, dos palcos e principalmente do carinho do nosso público. Mas em breve estaremos de volta. 
Abraços a todos e até uma próxima apresentação!